"Imagens do Fado". Exposição que o representa na Arte Portuguesa

por Arlinda Brandão - Antena 1

Fotos: Arlinda Brandão - Antena 1

O Museu do Fado, em Lisboa, tem patente a exposição temporária "Imagens do Fado", que "demonstra que teve uma presença estruturante na tradição e na história do país desde o século XIX até à atualidade". Mostra também "o enraizamento do fado na nossa sociedade". Para a diretora do Museu, Sara Pereira, "há uma presença contínua do fado, convocado por diversas gerações de artistas, no quadro de linguagens muito diversas, de motivações simbólicas e estéticas muito distintas".

É um percurso que o visitante faz através de cerca de 60 obras de coleções públicas e privadas de várias gerações de artistas.

Esta mostra apresenta o fado a cruzar-se com as artes plásticas em sucessivas épocas, desde o século XIX, quando a guitarra portuguesa começou a predominar no ambiente musical lisboeta.

A exposição abre com "a nossa pintura de costumes do século XVIII, de Alexandre Jean Noël (1752-1843), que faz parte daquela leva de artistas e viajantes que se fixaram em Lisboa na segunda metade do século XVIII, e que fixaram as práticas musicais de Lisboa".

Do pintor francês estão patentes duas telas sobre a prática da viola em ambiente portuário.

Seguindo o percurso expositivo, "entramos no século XIX, com as imagens de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) que tem um legado fundamental para documentar o fado no século XIX, como prática tocada e cantada, mas também dançada".

Da exposição fazem ainda parte, entre outras, uma pintura de costumes, "Festa na Aldeia", de Leonel Marques Pereira (1828-1892), em que se vê uma guitarra portuguesa a animar um baile popular.

"Já no século XX encontramos vários estudos para a obra 'O Fado', de José Malhoa (1855-1933), com vários estudos que nos permitem perceber que o pintor pensou inicialmente em fazer um tríptico, estudos a carvão da figura de Amâncio (uma das personagens do quadro a óleo), um outro estudo em que reduz o plano, mas introduziu uma terceira figura".

A tela a óleo "O Fado", de José Malhoa, representa um tocador de guitarra, Amâncio, e a sua amante referida como 'Adelaide da Facada'. O pintor executou dois quadros similares, um datado de 1909 e outro de 1910, e ambos se encontram expostos.


O quadro de 1910, muito apreciado na época, foi exposto além-fronteiras e inspirou um dos fados criados por Amália Rodrigues, "Fado Malhoa" (José Galhardo/Frederico Valério). Este quadro já faz parte do núcleo expositivo do museu, o de 1909 é de uma coleção particular.

Junto a estes dois quadros encontra-se uma pintura de Amadeo de Souza-Cardozo (1887-1918), na qual faz sangrar uma guitarra ".



A exposição inclui ainda trabalhos de Almada Negreiros e Eduardo Viana, de figuras do Segundo Modernismo como Francis Smith e Dominguez Alvarez, e da escola naturalista da segunda metade do século XIX e viragem para o século XX, nomeadamente Carlos Reis, Roque Gameiro, Eduardo Moura, Alberto Souza.



A fadista Amália Rodrigues (1920-1999) é uma das representadas na exposição com duas telas de Eduardo Malta, obras de Leonel Moura e um retrato pintado por Maluda.


Há um núcleo expositivo que se destaca "pela rejeição crítica que os seus autores fazem em relação ao fado, como é o caso de Cândido da Costa Pinto, o anti-fadismo, e outros exemplos onde a visão do fado é essencialmente crítica, como as caricaturas de João Abel Manta, de 1977".


A exposição "Imagens do Fado", com cerca de 60 obras, fica patente até 23 de março de 2025.
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